Discurso sobre o Documento Porta Fidei

on sexta-feira, 22 de junho de 2012

PORTA FIDEI  (Porta da Fé)
 Valney Augusto Rodrigues
2º Ano de Teologia

            O Papa Bento XVI proclamará o ANO DA FÉ, que terá início dia 11 de outubro do corrente ano, no cinqüentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e findará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, dia 24 de novembro de 2013. A Porta da Fé (cf. At 14,27), nos introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, que está sempre aberta para nós. É um caminho que dura a vida inteira, tem início com o batismo (cf. Rm 6,4) e sua conclusão se dá através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Cristo Jesus.
            Desde o início de seu pontificado, o Papa Bento, lembrou da necessidade de redescobrir o caminho da fé, para assim fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com o Cristo. Podemos nos perguntar, o que levou o Santo Padre a esta atitude? Entre tantos motivos, destaco, a profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas, inclusive sacerdotes. A partir do evangelista Mateus, o sumo pontífice é enfático: Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida”. (cf. Mt 5, 13-16)
Penso que a sociedade passa por uma grande crise de fé e que atingiu também os nossos sacerdotes, ora, como conceber tal situação, se nossos pastores, que são os responsáveis em nos transmitir e nos orientarem na fé, também sofrem do mesmo mal, como haveria de estar todo o povo de Deus? A atual situação sinaliza para algo mais grave, nossos sacerdotes precisam urgentemente, redescobrirem o caminho da fé para assim poderem orientar suas ovelhas, ou seja, a sociedade como um todo.

 TAREFA DIFÍCIL, UM GRANDE DESAFIO!!! Mas penso que esta crise nos levará a experimentarmos, todos, sacerdotes e fiéis leigos, o grande amor que o Pai tem para conosco, principalmente com seus ungidos. Vamos traçar algumas pistas, sem a pretensão de fechar a questão, pelo contrário, para que assim, juntos, possamos vislumbrar a melhor solução, afinal eu também estou comprometido com este processo, tendo em vista o meu anseio em ser um sacerdote, se assim a graça de Deus me permitir.
Primeiramente vamos tratar da crise de fé dos sacerdotes, não são todos, mas uma expressiva parcela do presbitério; em seguida, trataremos da crise de fé da sociedade, que quer queira quer não, deriva parcialmente da crise de fé que assola nossos presbíteros.  
            Através das notícias, fatos e também situações que nós podemos apreciar, que chegam até nós através da mídia, em suas várias vertentes e também de fiéis leigos, ouso destacar que um dos maiores causadores desta crise de fé, provém destes sacerdotes não saberem administrar seu tempo de forma saudável, ora esbarra no ativismo, ora no funcionalismo. EXPLICO: realmente o dia-a-dia de uma paróquia não deve ser é fácil, são muitos afazeres, muitos atendimentos, a administração da paróquia que exige muito do pároco e tantos outros compromissos, sem falar na celebração dos sacramentos, que por si só exige muito dos nossos presbíteros, assim se configura o ativismo, excesso de atividades que se não forem bem concatenadas, leva o sacerdote à exaustão,  podendo chegar a  perda de identidade.
            Já o funcionalismo, aparece, cada dia mais explícito, infelizmente, devido o sacerdote encarar o seu ministério como profissão e não como vocação, ele atua como um profissional e não um homem consagrado a Deus, para pastorear um rebanho específico, para zelar por sua comunidade (várias pastorais e movimentos), não, ele observa os números: de fiéis, pastorais, balancetes, a renda da festa do padroeiro, e tantas outras cifras. Preocupa-se com o temporal e o espirtitual, a mística, o patoreio são colocados de lado. Não quero dizer que os números  não são  importantes, pelo contrário, mas não é o ESSENCIAL, não deve ser o real escopo, mas sim CONSEQUÊNCIA da boa, correta e sã administração de toda a outra parte, que é a que mais interessa a Deus, a salvação das almas através dos sacramentos, como nos ensina a Santa Mãe Igreja.
Para isso, os párocos podem e devem contar com um bom conselho administrativo e financeiro, formado por leigos e também profissionais que se dispõe a ajudá-lo. Destaco outros aspectos que podem tirar o sacerdote do seu real escopo: preocupação excessiva com paramentos, com o carro da paróquia e por aí vai.
Como solucionar estas questões?
             Penso que se os sacerdotes buscarem as práticas espirituais, ou seja, a oração pessoal, oração da liturgia das horas, devoção à Virgem Maria, através do santo terço, adoração ao Santíssimo Sacramento, a Santa Eucaristia, de preferência diariamente, ou seja, buscar a intimidade com Jesus, é um bom começo para assim nutrirem sua fé. Então o funcionalismo e também o ativismo serão equacionados gradativamente, pela sabedoria, o discernimento e o equilíbrio que derivam da sua profunda intimidade com Deus. Assim retomarão o seu verdadeiro caminho e missão que é orientar o seu rebanho na fé e na sã doutrina da Igreja, através da celebração dos sacramentos.
             Agora, com relação a crise de fé da sociedade, já solucionamos boa parte da questão, pois se os nossos pastores estão bem nutridos na fé, “ alimentados” pelas práticas espirituais e principalmente pela Santa Eucaristia, se tornam como setas a sinalizar o caminho que todo o rebanho e cada ovelha deve percorrer, para assim redescobrirem o caminho da fé, pois esta virtude teologal nos é dada pelo sacramento do batismo e que se não for nutrida, ela não crescerá e tão pouco dará os frutos necessários, sendo a conversão o primeiro e mais importante deles.
É claro que outros fatores também contribuem com esta crise, tipo: a racionalização da fé, a banalização dos sacramentos, a violência de todos os tipos e níveis, a ditadura do relativismo, a cultura de morte, a banalização da vida e tantos outros. Para combatê-los, entra a Igreja, através dos sacerdotes, que reorganizam este turbilhão no cotidiano da sociedade, mais especificamente nas nossas famílias e orientam à luz do Evangelho, como cada fiel leigo deve proceder, perante tais dificuldades que compõe a crise.
             Concluindo, o insigne apóstolo Paulo na segunda carta a Timóteo, pede a ele que “ procure a fé”(cf. 2Tm 2,22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2Tm 3,15), ou seja, que continue a buscá-la de modo tenaz, com determinação e esperança, como na sua juventude. Este convite estende-se a todos nós, para que ninguém se torne indolente na fé e com um olhar devagar e sempre novo, percebamos as maravilhas que Deus realiza em nós e por nós. Possa este ANO DA FÉ, florescer em nós anseios de mais unidade  e compromisso com a Trindade Santa, através da mãe Igreja e de forma concreta colhermos os frutos, digo, as obras desta rica e inefável experiência com Deus.
Penso que a vivência deste ANO DA FÉ, que não é a primeira vez que é proclamado - pois, o Papa Paulo VI convocou um ano semelhante em 1967, em comemoração do  décimo nono centenário dos martírios dos apóstolos Pedro e Paulo – será uma OPORTUNIDADE ÚNICA DE VIVENCIARMOS UM GRANDE KAIRÓS, em toda a nossa Igreja e que com certeza, pela intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, a fé de todo o povo de Deus sairá FORTALECIDA e se tornará de forma eficaz enraizada em Cristo Jesus.  Mas para isso, precisamos, todos, nos comprometermos com o plano de ação que o Santo Padre nos apresentará, para assim vivermos de forma plena este propósito que brotou do coração de Deus para a sua Igreja. SEJAMOS, TODOS, DÓCEIS AO ESPÍRITO SANTO!!!

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