Consciência Segundo Monden

on quinta-feira, 16 de outubro de 2014



Consciência Segundo Monden1

Jossadã Ventura Penha dos Santos
1º Ano de Teologia

A consciência é um assunto amplamente discutido e estudado, por isso vê-se a necessidade de se buscar maiores esclarecimentos a respeito de tal tema (consciência). Monden trata deste assunto, com a obra Consciência Renovada: Consciência Cristã de Pecado e Perspectiva Moderna. É um autor pouco conhecido. Se fosse para conhecê-lo um pouco mais, teria de fazer uma pesquisa avançada. O que se pode afirmar de sua vida que é padre jesuíta, pois em sua obra, fala com autoridade sobre a atividade de confessor, e, também, é citado em uma tese de doutorado2.
Em seu livro, Monden, apresenta diversos temas de consciência. Apresentar-se-á alguns:
  • Os vários significados que as palavras ganham, prejudicam a compreensão do que significa consciência, podemos confundi-la com termos como culpa, pecado, dever. 
  • Há três níveis onde a consciência atua: O instintivo, na verdade neste nível se observa mais um sentimento de culpa, seria mais como um medo de receber uma restrição ou pena de lei externa; o moral, a lei neste ponto não vem de fora, essa é uma dependência ontológica com Deus, é uma faculdade de discernimento; e por fim o nível religioso cristão é a observação do sentido último e universal do seu agir, é mais um encontro interpessoal com Deus. 
  • Qual o valor da lei? Como a consciência se relaciona com lei e liberdade?Para os instintos não há como relacionar tudo isso, e a lei não tem valor algum, isso porque é imposta. No nível moral se pode fazer esta relação, pois a liberdade não é entendida como liberdade “de” algo, mas como liberdade “para” algo e isso é o que conduz ao crescimento. 
  • Pode ser que a consciência seja verdadeiramente alcançada pela humanidade, mas, senão, o valor também não vai se perder totalmente. A consciência contém uma comunicação universal que mantém a validade das normas (não fixas, mas dinâmicas). 
  • Como tudo no homem passa por um processo de crescimento, com a consciência não seria diferente.

Fase adulta: não questiona a lei, e nem se opõe, pois, senão, não seria consciência cristã. É na lei que acontece a perfeição humana, a revolta é uma espécie de imaturidade. A maturidade da consciência não exige lei externa, pois esta enraizada, isto é, tornou-se radical, o que gera um discernimento infalível. A consciência madura em determinado momento será testada o que vai exigir uma resposta prudente, por isso ética de situação, e não se pode comparar isso com casuística, pois o julgamento é pessoal interno.

Consciência imatura: precisa da lei para se situar, esta se educando, a falta de integração exige orientações externas. A educação desta consciência deve buscar harmonia e diálogo, mesmo com as crises, acontecem os crescimentos, tentar fugir disso causa excesso de infantilidade. A consciência também cresce, mas não conforme o corpo e outras instâncias humanas.

Portanto, não devemos fazer avaliação negativa do autor, mesmo com suas características extremas. Ao contrário devemos acolher suas informações e abstraí-las, usando-as para aplicar o aprendido nas salas de aula. 


1. MONDEN, Ludovico. Consciência Renovada: Consciência Cristã de Pecado e Perspectiva Moderna. São Paulo: Herder, 1968.
2. FLECHA, Renata Dumont. Do Pecado Pessoal ao Pecado Social: A Solidariedade na Reatualização e o Ensino Religioso da Companhia de Jesus. 2009. 219 f. Tese apresentada ao Curso de Doutorado - Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientador: Orientadora: Profª Drª Cynthia Greive Veiga. 2009.

São Bernardo de Claraval



São Bernardo de Claraval

Mario Luiz Santos Botelho Andrade
1º Ano de Teologia

Bernardo de Claraval, O.Cist, foi um abade francês e o principal responsável por reformar a Ordem de Cister, na qual entrou logo depois da morte de sua mãe. Foi o fundador da Abadia de Claraval, na Diocese de Langres. Nascimento: 1090, Fontaine-lès-Dijon, França. Falecimento: 20 de agosto de 1153, Abadia de Claraval, França.
Monge, figura típica do monaquismo medieval. Seu pensamento teológico monástico profundamente alimentado pela Escritura e dependente da literatura Patrística requer para o aprofundamento da mensagem revelada um respeito ao mistério. Assim com esse método acaba enfrentando pensamentos teológicos e a inexaurível problemática da união da alma com Deus.
A Consciência humilde e purificada, devota e submetida é o lugar onde se dá esse diálogo íntimo do homem com Deus. Tornar-se presente de Deus e esse elevar-se do homem à união com ele. Consciência que seja o espelho brilhante da luz de Deus, o eco fiel da sua voz, a testemunha verídica de sua presença: eis a consciência cristã. Uma consciência verdadeira que seja perfeita correspondência subjetiva da vontade objetiva de Deus. Surgiram algumas alegorias como que transfigurando em termos espirituais: a vida nupcial renunciada pelos religiosos tornou-se dentro da mística uma imagem simples, mas ao mesmo tempo alta, profunda e frequente que é a união íntima com Deus.
Esta boa consciência é a mais bela das mulheres, é a rainha preparada para o rei, segura e irrepreensível como a esposa forte e fiel repleta de paz. Já a má consciência é uma mulher insuportável e iníqua. Uma boa consciência é o quarto nupcial que tem por colchão a pureza, por travesseiro a tranquilidade e por cobertor a segurança.
A consciência reta é como uma menina imatura, mas amada e à espera de chegar aos céus. O quanto é necessário que ela seja limpa e fiel a Deus possuindo a verdade completa. Não poderia ter intimidade com Deus sendo defeituosa e impura. Alguns monges de Chartres apresentaram a questão: “porque quando se julga fazer o mal, ainda que agindo bem, se diz que a nossa ação é má, da mesma forma se terá que dizer que uma ação é boa quando for feita em boa fé, ainda que em si mesma fosse má. São Bernardo respondeu: “Não é bem assim, a boa-fé não é suficiente, pois é preciso a verdade. Como poderia passar por verdadeira, aos olhos do Deus da verdade a consciência falsa, ainda que em boa fé? Também é pecado o mal em boa fé.”
Controvérsia entre Bernardo e Abelardo, sendo o primeiro a testemunha mais antiga do termo consciência, mostrando a sua função ética. O problema que ocorreu entre os dois foi sobre o tema da consciência errônea. Bernardo era um monge cisterciense, considerado uma figura de destaque no monaquismo medieval. Seu pensamento tem a vertente monástica, cujas características são possíveis observar em estudos mais recentes. Imbuído de simplicidade e humildade, lê a Sagrada Escritura, da qual se alimenta diariamente. É com essa bagagem que ele enfrenta muitas questões teológicas, sendo a consciência uma delas. O lugar íntimo de encontro entre Deus e o homem é a consciência, diz ele, lugar esse em que acontece um diálogo entre a criatura e o Criador. O tema da consciência para Bernardo é um dos seus preferidos, definindo-a mais uma vez como “a mais bela das mulheres, a rainha preparada para receber o rei; é segura e irrepreensível como a esposa forte e fiel [...]. Entende-se, portanto, nos escritos de São Bernardo, que a consciência deve ser reta, limpa e fiel a Deus, ou melhor, dizendo, ser verdadeira. Não poderia acontecer, porém, que a consciência, sem ter culpa, se enganasse? São Bernardo dirá que não basta ter fé, diante dos atos é necessária à verdade. Não há como passar por verdade aos olhos de Deus que é Verdade, uma consciência falsa, mesmo que tenha fé. Como exemplo, mesmo que o pecado seja leve, existiu o mal. [...] Toda a tradição monástica, como esta concepção mista da consciência, estava ali para sugerir esta resposta, para nós não mais inteligível; se for viciada por algum mal, quer o saiba quer não, a consciência já não pode ser a mediadora da união mista com Deus [...]. Para Abelardo, o que se pratica por ignorância não é pecado, pois para que algo seja considerado pecado é necessária à presença da consciência e ter a intenção de pecar. Dessa forma, não se pode condenar os que crucificaram Jesus, nem aqueles que apedrejaram Estevão. Foram essas questões que iniciaram o embate entre São Bernardo e Abelardo. Depois de um século, Santo Tomás vem dar razão a Abelardo, porém com as devidas distinções entre boa fé e fé mais ou menos culpável, pois com o passar do tempo esse pensamento monástico sobre a consciência foi se perdendo e isso não foi tão bom. Essa discussão entre S. Bernardo e Abelardo está entre os fatos mais marcantes dessa passagem da consciência para outra mais elaborada e específica e é esta específica que é encontrada na escolástica, principalmente nas elaborações na teologia pós-tridentina. Segundo PRIVITERA, [...] nela, a consciência “torna-se simples órgão de ressonância de uma lei moral concebida mais como um dado do que tarefa”, órgão chamado a exercer a função de juiz na controvérsia entre liberdade e lei; a pronunciar se, sobre o fato se uma ação recaía ou não sobre a lei moral.

Fonte Bibliográfica:
PRIVITERA, Salvatore. IN: Dicionário de Teologia Moral. São Paulo: Paulus, 1997, p. 144. Ibiden. p.144.

Consciência na visão do Papa Bento XVI



Consciência na visão do Papa Bento XVI

João Marcos Redondo
1º Ano de Teologia

O Papa emérito tem por entendimento que a consciência pode ser formada em dois aspectos: 1º) Lei natural, ou seja, aquela que esta gravada no coração do homem; 2º) Observância da Lei (esta Lei é aquela dada por Deus e transmitida a nós pela Torah), até aqui Bento XVI só reafirmou o que São Paulo havia falado.
Como Bento XVI começa falando de São Paulo, não se pode deixar de lado o nosso tempo, ou melhor, nossa época. Afirma, Bento XVI, que os conceitos modernos de consciência equivalem à impossibilidade de haver normas morais e religiosas comuns. Com a modernidade veio também o conceito de subjetividade para o qual não se pode determinar regras para todos mas que cada um tenha a sua.
Bento XVI sita Thomas More no qual afirma que o indivíduo não deve trair a verdade reconhecida pela consciência para comprar o progresso e o bem-estar, pois para Thomas More o conceito de verdade foi praticamente esquecido e substituído pelo progresso.
Assim, também, como a teoria da relatividade, que estabelece que não há nenhum sistema de referência fixo. Sendo que estas teorias deixam de lado totalmente a espiritualidade. Consciência segundo estas teorias é considerada em profundidade, apenas um modo de dissimular que não há autêntica consciência, isto é unidade de conhecimento e verdade.
Mas consciência define assim Bento XVI, se consciência é a busca e a vivência da verdade então o maior testemunho de consciência reta e verdadeira são as dos mártires, pois só se dá a vida através de martírio por uma coisa que realmente seja verdadeira.



REFERÊNCIA

Organização temática das citações feita no livro “Joseph Ratzinger. Una biografía”, Pablo Blanco, Selecção de textos Cardeal Joseph Ratzinger. Disponível em: <http://img.cancaonova.com/noticias/pdf/276398_CitacoesCardealRatzinger.pdf>. Acesso em: 29 set. 2014.

A consciência segundo Frei Nilo Agostini, OFM



A consciência segundo Frei Nilo Agostini, OFM

Ihago Alberto de Freitas
1º Ano de Teologia

Consciência como abertura
Dentre tantas definições de consciência que se observa neste semestre, Frei Nilo nos apresenta a consciência como uma abertura, apresentamos os seguintes tópicos para compreendermos sua colocação:
1- A consciência não é fechada em si mesma, mas é parte integrante da pessoa humana que se caracteriza como ser de relações.
2- Ela participa de um processo de crescimento e educação durante toda a vida.
3- Só no final desse processo que a consciência pode atingir seu estagio autônomo e Crítico sem depender de regras preestabelecidas e convencionadas, passando a definir seu caráter ético e universal.
Analisando sua colocação nesses tópicos percebe-se que a consciência é aberta e capaz de uma progressão contínua, o que ela capta de seu exterior isso a atravessa causando marcas “MAIS ou MENOS” profundamente.
Sua capacidade de interação entre o “eu” e o “não-eu”, faz com que a consciência defina a pessoa, Frei Nilo apresenta uma definição da palavra consciência para justificar sua afirmativa dizendo que se desdobra em cum-scientia apontando para o “ver com”, um “conhecer com”.

A Consciência segundo Vicente Miranda

Uma consciência Dilatada
Esse autor faz várias comparações e reflexões sobre o tema da consciência nos diversos momentos da história, mostrando que a especulação da consciência tem a ver com a especulação Filosófica, Teológica e com a sensibilidade moral de cada época.
Hoje se afirma a importância da consciência na vida moral e partindo desse principio chega a afirmar que o horizonte da consciência dilatou-se para além da função de juízo moral sobre a ação.
A consciência age de maneira que decide e orienta não atua unicamente como um juiz moral, mas amplia-se neste aspecto. A consciência me põe segundo Miranda diante de um manifesto moral no momento que descido por algum ato, mostrando ao agente seu valor moral, valor este que lhe é próprio e que ao mesmo tempo é eco das vozes de outros.
Em suma seu pensamento encerra com uma definição de que a consciência recebe um princípio de reciprocidade para consigo mesmo e para com os outros age como um exercício recíproco da solidariedade como um valor predominante.



Referência:
VIDAL, Marciano. Ética Teológica Conceitos fundamentais. Vários autores; tradução Jaime A. Clasen, Epharaim F. Alves. –Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

AGOSTINI Nilo, Teologia Moral - O que você precisa viver e saber; Prefácio Aloíseo Lorscheider. – Petrópolis, RJ: 7° Ed. Vozes, 1997.