SEMINÁRIO EM MISSÃO
Edição 2 –
Ano I – 2014
EDITORIAL
Queridos (as) leitores
(as), estamos na segunda edição do informativo missionário Seminário em Missão do
segundo ano de Teologia do Seminário Divino Mestre, Diocese de Jacarezinho-PR. Dando
continuidade a edição passada, este material começa com uma oração missionária.
Como a Sagrada Escritura é parte integrante da espiritualidade missionária,
vamos aprender um pouco sobre a missão no Novo Testamento. É impossível falar
em missão sem evangelização, por isso conheceremos um pouco da Exortação
Apostólica Evangelii Nuntiandi do
Papa Paulo VI sobre a evangelização no mundo contemporâneo. Em sintonia com o
mês da Bíblia, vamos conhecer um pouco da hagiografia de São Jerônimo, um dos
mais conhecidos tradutores da Sagrada Escritura. O Seminário em Missão
apresentará também uma série de entrevistas. Na primeira delas, o Pe. Roberto
Medeiros falará sobre a ação missionária do Santuário de São Miguel Arcanjo em
Bandeirantes-PR; na sequência, o Pe. Danilo Pena apresentará o trabalho da
Pastoral Social na Diocese de Jacarezinho; e como terceira entrevista, teremos
contato com a partilha de uma primeira experiência missionária do Seminarista
Pedro Luiz Casprov. Além de toda essa riqueza, no último artigo, veremos que a
missão é um grande desafio para a Igreja na época contemporânea. Boa leitura a
todos!
Professor: Pe. Luiz Fernando de Lima
Graduandos: Carlos Eduardo Casprov, Jeferson da Luz Bonifácio,
Marcelo Gonçalves Mendes, Marco Antonio Norberto
Costa,
Mauro
Wegrzyn, Rodinaldo Jesus da Silva.
ORAÇÃO MISSIONÁRIA
Por Rodinaldo Jesus da Silva
Tu me chamaste para ser missionário na tua Igreja, na Diocese de
Jacarezinho, na tua comunidade que também é minha. Abri, Senhor, meu coração à
vossa Palavra, que ela seja para mim Caminho, Verdade e Vida. Que a sua Palavra
possa trazer sentido e rumo para minha vida, que nela eu encontre coragem,
esperança e principalmente aprenda a amar. É difícil o teu chamado, Senhor, e
grande a minha responsabilidade, mas se me escolheste, confio na tua graça.
Aumentai minha fé para que eu viva mais intensamente a minha missão de
batizado. Caminharemos juntos, Senhor. Tu me apoiando e iluminando e eu me
colocando á tua disposição, da Igreja e da Evangelização da missão,
preparando-me atualizando-me sempre para servir melhor o teu povo. Amém.
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA – NOVO TESTAMENTO:
ENVIO AO MUNDO
Por Marco Antonio Norberto Costa
“No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus
... e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,1.14). Quando Deus toma
a iniciativa de enviar seu Filho amado à humanidade, este envio traz consigo
uma incumbência entregue ao seu Filho, a missão de salvar os homens imersos no
pecado e restaurar a sua dignidade de filhos amados por Deus.
Jesus de Nazaré passa por um pequeno momento de discipulado na
comunidade penitencial do Batista e a partir desta, inicia a sua missão na
Galileia como pregador peregrino nas cidades, vilas, sinagogas, nas casas e
praças. Em seu anúncio, Ele traz algo de diferente daquilo que a comunidade
estava esperando, o novo reino de Israel. Sua proposta é distinta, pois sua
missão é anunciar o Reino de Deus e não o que o povo estava esperando.
Em seu projeto guiado pelo Espírito Santo, ele condena todo o tipo de
poder que privilegia poucos, que não partilha o pão, que esmaga os que sofrem e
não restaura a dignidade da pessoa. Por isso sua mensagem é dirigida aos
pobres, oprimidos, cegos, encarcerados e aos endividados (Cf. Lc 4,16-20). Que
fora acolhida crescentemente pelos marginalizados, pois, eram palavras de
esperança.
O missionário Jesus não anuncia o reino sozinho, mas escolhe doze
companheiros, que inicialmente permaneceram ao seu lado, para que com o seu
exemplo e testemunho fossem formados. Eles precisaram deixar muitas coisas para
traz para acolherem as novidades do reino. Não foi algo fácil para eles, à
conversão consumiu as suas vidas. No caminho que Jesus percorre, os discípulos
missionários vão fazendo a experiência no dia a dia, às vezes são enviados dois
a dois para experimentarem o protagonismo na missão.
Quando Jesus é questionado, tanto pelo jovem rico, quanto pelo doutor da
Lei, “Mestre, que farei para ter a vida eterna?” (Mt 19,16; Lc 10,25) Em sua
resposta, convida o primeiro a partilhar seus bens com os pobres, e o segundo,
contando a parábola do Bom Samaritano, o acena a aproximar-se e socorrer
aqueles que estão caídos pelas diversas situações da vida.
Sua mensagem questiona o poder das autoridades do Templo, que perderam,
pela ganância do poder, o sentido do serviço a Deus. Depois que Ele expulsa o
comércio no Templo, os poderosos saduceus e escribas desejam a sua morte e
começam a trama-la. O sacrifício apresentado no Templo perdeu o seu sentido,
visto que a vontade de Deus é a misericórdia e não a imolação.
Com a última ceia e a entrega na cruz, Jesus entrega-se como oferta, uma
nova e eterna aliança, que é renovada nas celebrações eucarísticas, memorial de
sua paixão, morte e ressureição. O templo novo é o corpo de Cristo e, através
dele, a comunidade cristã. Com isso, Jesus e a sua comunidade rompem com os
sinais antigos que aprisionam o ser humano e não o deixam aproximar-se de Deus.
Os novos sinais são agora a cruz, o Batismo, o dia do Senhor, a nova Páscoa.
Se as leis estavam gravadas em
tábuas de pedras, a partir da encarnação, estas precisam agora estar nos corações
humanos. Essa ruptura não é uma simples ruptura, mas uma ruptura em
continuidade. A relação entre o antigo e o novo povo de Deus, conta a vinda de
magos do Oriente em busca do Rei dos Judeus (cf. Mt 2,1-12). Já os pagãos
encontram o Filho de Deus e Salvador voltando-se para os judeus. Assim nasce a
Igreja, composta de judeus e pagãos, tendo por fé uma natureza missionária.
EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA EVANGELII NUNTIANDI
DO PAPA
PAULO VI, SOBRE A EVANGELIZAÇÃO
NO
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Por Jeferson da Luz Bonifácio
A encíclica “Evangelii Nuntiandi”
escrita dez anos depois do Concílio Vaticano II, fala claramente da natureza
missionária da Igreja. O Papa Paulo VI, autor da carta encíclica confirma a
missão da Igreja e por seguinte de todos os cristãos de proclamar a Boa Nova de
Jesus. A “Evangelii Nuntiandi” busca
enfatizar que a evangelização tem uma dimensão social além da pessoal. Assim
como os direitos humanos, vida familiar, paz, justiça, desenvolvimento e
libertação (n. 29). De fato a evangelização pertence à própria missão da
Igreja; que é a responsabilidades das Igrejas particulares, assim como da
Igreja universal. Todos os cristãos (clero ou laicato) têm um papel importante
a desempenhar na evangelização.
O papa se faz lembrar que o próprio Jesus, "Evangelho de
Deus", (n.15) foi o primeiro e o maior dos evangelizadores. Ele foi isso
mesmo até o fim, até a perfeição, até o sacrifício da sua vida terrena. Como
evangelizador Cristo anuncia em primeiro lugar um reino, o reino de Deus, de
tal maneira importante que, em comparação com ele, tudo o mais passa a ser
"o resto", que é "dado por acréscimo" (n.16). Só o reino,
por conseguinte, é absoluto, e faz com que se torne relativo tudo o mais que
não se identifica com ele. De fato a
Igreja tem consciência viva de que a palavra do Salvador, "Eu devo
anunciar a Boa Nova do reino de Deus", (n. 34) se lhe aplica com toda a
verdade a partir do exemplo de Cristo Jesus. Assim, ela acrescenta de bom grado
com São Paulo: "Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é
antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o
evangelho". Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da
Igreja, a sua mais profunda identidade. A Igreja existe para evangelizar, ou
seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os
pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o
memorial da sua morte e gloriosa ressurreição. Na ação evangelizadora da Igreja
há certamente elementos e aspectos que se devem lembrar. Pode-se assim definir
a evangelização em termos de anúncio de Cristo àqueles que o desconhecem, de
pregação, de catequese, de batismo e de outros sacramentos que hão de ser
conferidos.
Nenhuma definição parcial e fragmentária, porém, chegará a dar a razão
da realidade rica, complexa e dinâmica que é a evangelização, a não ser com o
risco de empobrecê-la e até mesmo de mutilá-la. E impossível captá-la se não
procurar abranger com uma visão de conjunto todos os seus elementos essenciais.
O Papa Paulo VI, conclui a encíclica com a afirmativa de que o mundo do nosso
tempo que procura Deus, ora na angústia, ora com esperança, possa receber a Boa
Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou
ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois
foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo, e são aqueles que
aceitaram arriscar a sua própria vida para que o reino seja anunciado e a
Igreja seja implantada no meio do mundo.
SANTO DO MÊS DE SETEMBRO SÃO JERÔNIMO
Por Rodinaldo Jesus da Silva
Nasceu na Dalmácia (Iugoslávia) no ano 342. São Jerônimo cujo nome
significa "que tem um nome sagrado", consagrou toda sua vida ao
estudo das Sagradas Escrituras e é considerado um dos melhores, neste ofício.
Em Roma estudou latim sob a direção do mais famoso professor de seu
tempo, Donato, que era pagão. O santo chegou a ser um grande latinista e muito
bom conhecedor do grego e de outros idiomas, mas muito pouco conhecedor dos
livros espirituais e religiosos. Passava horas e dias lendo e aprendendo de cor
aos grandes autores latinos, Cicero, Virgílio, Horácio e Tácito, e aos autores
gregos: Homero, e Platão, mas quase nunca dedicava tempo à leitura espiritual.
Jerônimo se dispôs ir ao deserto a fazer penitência por seus pecados.
Mas lá embora rezasse muito, jejuava, e passava noites sem dormir, não
conseguiu a paz, descobrindo que sua missão não era viver na solidão.
De volta à cidade, os bispos da Itália junto com o Papa nomearam como
Secretário a Santo Ambrósio, mas este adoeceu, e decidiu nomear a São Jerônimo,
cargo que desempenhou com muita eficiência e sabedoria. Vendo seus
extraordinários dotes e conhecimentos, o Papa São Dâmaso o nomeou como seu
secretário, encarregado de redigir as cartas que o Pontífice enviava, e logo o
designou para fazer a tradução da Bíblia. As traduções da Bíblia que existiam
nesse tempo tinham muitas imperfeições de linguagem e várias imprecisões ou
traduções não muito exatas. Jerônimo, que escrevia com grande elegância o
latim, traduziu a este idioma toda a Bíblia, e essa tradução chamada "Vulgata"
(ou tradução feita para o povo ou vulgo) foi a Bíblia oficial para a Igreja
Católica durante 15 séculos.
Ao redor dos 40 anos, Jerônimo foi ordenado sacerdote. Mas seus altos
cargos em Roma e a dureza com a qual corrigia certos defeitos da alta classe
social lhe trouxeram invejas e sentindo-se incompreendido e até caluniado em
Roma, onde não aceitavam seu modo enérgico de correção, dispôs afastar-se daí
para sempre e se foi a Terra Santa.
Seus últimos 35 anos passou em uma gruta, junto à Cova de Presépio.
Várias das ricas matronas romanas que ele tinha convertido com suas pregações e
conselhos venderam seus bens e se foram também a Presépio a seguir sob sua
direção espiritual. Com o dinheiro dessas senhoras construiu naquela cidade um
convento para homens e três para mulheres, e uma casa para atender aos que
chegavam de todas as partes do mundo a visitar o lugar onde nasceu Jesus.
Com tremenda energia escrevia contra os hereges que se atreviam a negar
as verdades de nossa Santa religião. A Santa Igreja Católica reconheceu sempre
a São Jerônimo como um homem eleito Por Deus para explicar e fazer entender
melhor a Bíblia, por isso foi renomado Patrono de todos os que no mundo se
dedicam a fazer entender e amar mais as Sagradas Escrituras. Morreu em 30 de setembro
do ano 420, aos 80 anos.
AÇÃO MISSIONÁRIA DO SANTUÁRIO DE SÃO MIGUEL ARCANJO
DE BANDEIRANTES-PR
Por Carlos Eduardo Casprov
Uma das atividades evangelizadoras e missionárias da Diocese de
Jacarezinho é o trabalho com os santuários. Por isso, o Seminário em Missão
apresentará, por intermédio do Seminarista Carlos Eduardo Casprov, a palavra do
Pe. Roberto Medeiros, Reitor do Santuário de São Miguel Arcanjo de Bandeirantes,
na qual apresentará a ação missionária realizada neste local de muita peregrinação.
Carlos Eduardo: Olhando tudo o que sendo realizado no
Santuário de São Miguel Arcanjo, o que o Sr. considera como trabalho
missionário?
Pe. Roberto Medeiros: Evangelizar é a nossa Missão. Tentando
atingir o maior número de pessoas. Nossa prioridade é testemunhar a vida de
Cristo em nós para depois evangelizar. A programação do Santuário acontece da
seguinte forma: Além das Santas Missas diárias, temos atendimentos e confissões
todos os dias. Propagação da devoção a São Miguel Arcanjo, rezamos pelas almas
do purgatório, vias-sacras, novenas, caminhadas, vigília uma vez ao mês,
Quaresma de São Miguel Arcanjo. Também evangelizamos através de artigos
religiosos, com valores acessíveis aos fiéis. Os retiros espirituais que são
outra forma de evangelizar acontecem com frequência. Além da oração, o
Santuário também está ligado com a caridade, e uma das nossas ações sociais é a
evangelização através da Comunidade Terapêutica São Padre Pio que tem por
missão resgatar e cuidar de pessoas das drogas licitas e ilícitas.
Carlos Eduardo: Há uma preparação com a estrutura de acolhida
dos peregrinos?
Pe. Roberto Medeiros: Estamos investindo muito também na
infraestrutura e no acolhimento aos peregrinos, para que todos tenham atenção e
suporte para serem bem acomodados. Devido a este fator importante, estamos
construindo um amplo espaço para alojamento (Centro de Atendimento aos
Peregrinos), com equipes de enfermeiros e médicos de plantão, possibilitando o
voluntariado. Acolhendo-os com refeições em sua chegada, seja pela manhã, tarde
ou durante a madrugada. Além do dia 29 de setembro que é o dia de São Miguel
Arcanjo, dos dias 29 de cada mês, todos os dias o nós recebemos a visita de
muitos peregrinos ao longo da semana.
Carlos Eduardo: Qual é o trabalho de divulgação que vocês
realizam?
Pe. Roberto Medeiros: Através dos meios de comunicação social:
Rádio Web, com programação 24 horas, música e entretenimento católico, com
programas ao vivo com ajuda de voluntários. Estúdio de gravações, de CDs
musicais e pregações. Queremos transformar o Santuário em um grande meio de
evangelização através de Shows com Bandas Católicas.
A PASTORAL SOCIAL NA
DIOCESE DE JACAREZINHO
Por Mauro Wegrzyn
A equipe do Seminário em Missão traz nesta segunda edição duas algumas
entrevistas muito interessantes que além de informar, enriqueceram muito a vida
espiritual e social dos leitores. Na primeira delas, organizada pelo Seminarista
Mauro Wegrzyn, o Pe. Danilo Pena, Vigário Paroquial da Paróquia Bom Jesus de
Carlópolis - PR e representante da Pastoral Social da Diocese de Jacarezinho,
apresenta e explica como a Pastoral Social acontece nesta Diocese.
Mauro Wegrzyn: Qual a função da
Pastoral Social na Diocese de Jacarezinho?
Pe. Danilo
Pena: Primeiro é importante esclarecer a abrangência do termo. "Pastoral
Social" integra a dimensão sociotransformadora da vida diocesana, a partir
dos seus muitos carismas e atuações. Portanto, o que chamamos de "Pastoral
Social Diocesana" agrega, anima e articula o trabalho das "Pastorais
Sociais específicas", que na diocese de Jacarezinho são as seguintes:
Pastoral da Saúde, Pastoral da Educação, Pastoral da Criança, Pastoral do
Menor, Pastoral da Sobriedade, Pastoral Carcerária, GAJU e Pastoral da Ação
Social. Também fica a cargo da Pastoral Social o trabalho na linha de "fé
e política", principalmente neste período eleitoral. Em resumo, A Pastoral
Social é uma árvore composta em sua missão, das pastorais específicas, que
formam os seus ramos. O que nutre e alimenta essa árvore é a mística
libertadora, que em Jesus Cristo e pela Igreja, percebe no empobrecido a opção
fundamental da sua missão.
Mauro Wegrzyn: A Pastoral Social
possui algum programa ou trabalho a ser desenvolvido sobre as eleições?
Pe. Danilo Pena: Sim. O grupo da Pastoral
Social realizou um bonito trabalho de estudo das cartilhas "Eleições
2014", elaborada pelo Regional Sul II da CNBB. Outra iniciativa é o apoio
e articulação das folhas de assinatura para a Reforma Política, de acordo com a
proposta da "Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições
Limpas".
Mauro Wegrzyn: Como é desenvolvido
esse trabalho?
Pe. Danilo Pena: Passamos em todos os
decanatos, realizando encontros com as lideranças paroquiais. Procuramos de
forma direta, didática e objetiva apresentar a cartilha "Orientação para
as Eleições 2014", incentivando que essa proposta reflexiva do "como
votar bem" chegue aos setores, grupos de reflexão e encontros
catequéticos. Também foram distribuídas as folhas de assinatura, incentivando a
criação de momentos para essa coleta.
Mauro Wegrzyn: Existe uma Equipe de
apoio?
Pe. Danilo Pena: O marco para essa fase
da dimensão sociotransformadora na diocese foi a "Semana Social",
ocorrida em fevereiro de 2013. A partir daí um grupo corajoso foi constituído
para assumir esse trabalho. É importante citar que todo um esforço que já vinha
acontecendo, desde o governo episcopal de Dom Fernando. Dom Antonio, ao assumir
a diocese, reforçou ainda mais esse perfil, levando a missão da Pastoral Social
como uma das prioridades da nossa Igreja particular.
Mauro Wegrzyn: Qual a base, material
ou fundamento legal que é usado para desenvolver esse trabalho?
Pe. Danilo Pena: A grande e principal
base é o próprio Evangelho. Ainda assim, a Igreja é muito avançada nessa
reflexão e existe um grande número de materiais, sempre orientados pela
Doutrina Social Igreja. A cada ano, novos textos são elaborados, de acordo com
a demanda de cada situação (texto base da Semana Social, o texto de Estudo 104
sobre a questão agrária no Brasil, etc.)
Mauro Wegrzyn: O trabalho atinge toda
a diocese?
Pe. Danilo Pena: Infelizmente não. O fato
de a diocese ter em seu quadro determinada pastoral social, não significa que
ela chegue atuante em todas as paróquias. Existe um longo caminho a ser
percorrido, e precisamos melhorar nossa comunicação, nossa visão estratégica e
nossa didática, sempre impulsionados pelo Espírito Santo. Por parte de alguns
leigos também há essa rejeição, por não entenderem que, por exemplo, o problema
do encarcerado é também um problema de todo cristão. A grande conversão pastoral
para essa perspectiva, precisa acontecer primeiramente na conversão dos
corações, mais abertos, solidários e politicamente responsáveis.
Mauro Wegrzyn: Existe ainda tabu ou
preconceito por parte dos cristãos em se tratando de politica na Igreja?
Pe. Danilo Pena: Apesar dos avanços
constantes, para muitos, a política e a fé são discordantes. Isso acontece
também porque as pessoas confundem a "política" (forma primaz para o
exercício da caridade), com a "politicagem", ou seja, os
fisiologismos que inserem eleitos e eleitores em um jogo de interesses
pessoais, bem distante da busca pelo bem comum, sentido maior de toda ação
politizada.
Mauro Wegrzyn: Qual a necessidade do
cristão atuar na política?
Pe. Danilo Pena: A fidelidade ao
Evangelho! Atuar na política (e não somente no processo eleitoral) significa
acima de tudo assumir a proposta de Jesus Cristo que veio para que todos tenham
vida em abundância. O cristão que vive seu batismo entende que a Igreja precisa
superar o paternalismo assistencialista, que por muito tempo marcou a sua ação
social, e compreender-se como instrumento de transformação (pelas vias da fé
mística, libertadora e engajada) das realidades opressora, que impõe sobre uma
grande massa de desassistidos a negação de direitos básicos ao reconhecimento
da sua humana dignidade.
Mauro Wegrzyn: Ainda pode ser
entendido como uma espécie de autopromoção ou de se fazer da Igreja uma espécie
de trampolim para ascensão social?
Pe. Danilo Pena: Penso que hoje essa
afirmação não se sustenta. Diante de uma realidade secularizada e adepta cada
vez mais à descrença e ao ateísmo ser cristão católico é muito mais uma
oposição ao consensual do que necessariamente um instrumento de ascensão. Mais
do que nunca, para ser cristão católico de verdade, é preciso não ter muito
"amor pelo próprio pescoço", como nos alertou certa vez Dom Helder
Câmara.
Mauro Wegrzyn: Qual a maior dificuldade
ou obstáculo que a Pastoral Social enfrenta no desenvolvimento do seu trabalho?
Pe. Danilo Pena: Para que o trabalho de
cada pastoral específica chegue até as bases, é fundamental que as nossas
lideranças e coordenações diocesanas tenham acesso direto às paróquias.
Infelizmente, nem todas as comunidades possuem em seu plano pastoral essa
prioridade. Às vezes resumem a atuação sociotransformadora à entrega de algumas
cestas-básicas. É preciso superar uma ideia meramente
"assistencialista". É preciso também realçar tal preocupação junto
dos padres e dos seminaristas. Creio que aí esteja, atualmente, o principal
obstáculo: entrar nas paróquias, com apoio irrestrito dos CPP's, para que
articulem e deem a importância necessária a essa questão.
Mauro Wegrzyn: Quais os frutos ou
resultados que o Sr. pode dizer da Pastoral Social?
Pe. Danilo Pena: O grande mérito da atual
fase da Pastoral Social Diocesana é o de oferecer uma presença animadora e
esperançosa junto aos coordenadores das pastorais específicas, que em alguns
momentos sentem-se desmotivados diante dos problemas e desafios. A realização
da Semana Social Diocesana e a composição de um novo quadro (articulado e
integrado com o senhor bispo e toda a ação evangelizadora) também merecem
destaque.
PARTILHA DA MISSÃO EM
PINHALÃO
Por Marcelo Gonçalves Mendes
Entre os dias 29 de junho a 05 de julho de 2014, os seminaristas do
Seminário de Filosofia Rainha da Paz e do Seminário de Teologia Divino Mestre,
ambos da Diocese de Jacarezinho, e algumas irmãs religiosas da Fraternidade O
Caminho, das irmãs de Schoenstatt e da Congregação Sagrada Família de Maria
realizaram na cidade de Pinhalão-PR uma semana intensiva de missão. Além de
atividades celebrativas e devocionais, o forte e marcante deste evento
missionário foram as visitas às famílias de grande parte da cidade. As pessoas
contempladas que receberam as visitas dos missionários foram os católicos que
participam da vida da comunidade, católicos que estavam afastados e pessoas de
outras religiões. Eles foram muito bem acolhidos por todos. O grupo que estava
à frente desse trabalho era composto por pessoas já experientes em eventos
missionários e por alguns que estavam fazendo este tipo de atividade pela
primeira vez na vida. A equipe do informativo Seminário em Missão, representado
na pessoa do Seminarista Marcelo Gonçalves Mendes, realizou uma entrevista com
o Seminarista Pedro Luiz Casprov, graduando do primeiro ano de Filosofia, que
foi um dos que estavam fazendo missão pela primeira vez.
Marcelo Gonçalves Mendes: Como você se preparou para a missão em
Pinhalão?
Pedro Luiz Casprov: Não nego que meus preparos foram poucos,
como primeira missão, a inexperiência me levou a dizer não sei o que preparar. O
primeiro de todos os preparos deve ser a oração, por isso, desde o anúncio do
trabalho missionário, eu já procurava colocar em oração a cidade e as pessoas
que iriam me receber nesta missão. Cada Eucaristia que participava e comungava
era em oferecimento para a missão. Posso dizer que não me preparei, e sim que
me deixei ser preparado. Não que me preparei para a missão, mas que a missão me
preparou. Deixei-me ser moldado pela força do Espírito Santo que recebi no meu
Batismo. Fui com a minha fé, com aquilo que eu aprendi em minha caminhada de fé,
com o que meus catequistas me ensinaram, as leituras que faço, seja na parte
acadêmica ou nas leituras complementares. Levei de mim o que tinha de melhor. Eu
dedico o êxito do trabalho a Deus e também aos meus irmãos de comunidade que me
ajudaram.
Marcelo Gonçalves Mendes: Qual foi sua maior dificuldade nos dias de
missão?
Pedro Luiz Casprov: Creio que devemos viver nossas escolhas
intensamente, e, se escolhi participar da missão, por que não me entregar
intensamente? Com certeza as dificuldades apareceram, pois entrar em casas de
pessoas que nós nunca vimos é um grande desafio, não sabemos o que nos espera,
o que falar? Como reagir em situações inesperadas, bate aquele friozinho na
barriga. Mas quando entravámos, parecia que nós conhecíamos a muito tempo
aquelas pessoas. Em cada casa visitada
era uma experiência diferente, nos olhares, nas palavras que eles confiavam a
nós eram momentos da Graça de Deus. Nós não nos preocupávamos com tempo, pois o
importante era levar a presença do Cristo para aquelas pessoas através dos
diálogos e das experiências que partilhávamos. Muitas das pessoas deixavam
transparecer o desejo e a carência de Deus. Digo que, aquele que se entrega de
corpo e alma não vê dificuldades nas coisas, e sim oportunidade que o próprio
Deus da Luz nos dá para que nos deixemos ser iluminados. Relendo as coisas nessa
perspectiva, o fardo do contraste entre frio e calor, das grandes distâncias,
da qualidade de nossas visitas etc. é leve e suave, como também é suave o jugo
dos que se configuram a Cristo.
Marcelo Gonçalves Mendes: Houve algum fato marcante que chamou muito
sua atenção?
Pedro Luiz Casprov: “Aquele que se tornar pequeno como esta
criança, esse é o maior no Reino dos Céus” (Mt 18, 4). O evangelista compara o
bom cristão a uma criança: alguém que aceita a autoridade paternal sem
contestar, que obedece as suas ordens; que enfim, ama e confia no seu pai. O
que encontrei em Pinhalão foi, senão grandes, bem sucedidos cristãos
–verdadeiras crianças de confiança, fé, inviolável. Tive experiências marcantes
que ficaram para sempre em minha vida. Talvez se eu elencasse algum, estaria
sendo injusto com outros tantos que marcaram e chamaram minha atenção. Isso
marca, impressiona, fortalece. Além dos trabalhos, fiquei muito feliz em poder
conhecer e em fazer novas amizades, conheci pessoas que ficaram marcadas para
sempre em minha vida. Pessoas que me acolheram e me trataram como filho, como
neto. Eu me senti em casa.
Marcelo Gonçalves Mendes: O que este evento missionário agregou em sua
vocação?
Pedro Luiz Casprov: Como disse, “não me preparei para a missão”,
foi a missão que me preparou. A experiência foi única. A “infantilidade” (aqui
o termo não é pejorativo, pois está em diálogo com Mt 18, 4 contido na resposta
acima) dos cristãos me contagiou, fez-me ver que não é preciso rodar o mundo
para encontrar Aquele que está em meu coração. Fez-me ver que Deus não se
manifesta a quem complica, mas sim àquele que filialmente se ajoelha e diz:
“Pai, eu preciso de ti!” Se alguma vocação foi reacendida, e isso posso dizer
sem dúvidas, foi a do meu Batismo: sacerdote, profeta e rei. Terminei a missão
muito feliz porque se a missão está no coração da ação da Igreja, ela começou
missionária, então estou no caminho certo. Muito mais do levar conteúdos e
doutrina, nossa missão foi um enriquecimento e aprendizado para nós mesmos.
AS DIFICULDADES NA MISSÃO
Por Mauro Wegrzyn
Inúmeros são os desafios que os missionários têm que enfrentar quando
partem em missão, além de estar em um lugar distante de sua terra natal, onde
os costumes são diferentes, onde se fala outro idioma, o tipo de alimentação
difere da que está acostumado, o clima geralmente é outro, são situações que o
missionário terá que enfrentar naturalmente no momento em que se dispõe a
cumprir uma missão.
Porém, atualmente existem outras dificuldades ainda maiores que o
missionário tem que enfrentar, como no caso do vírus do ebola que sua
proliferação está altíssima, como demonstra a reportagem abaixo:
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), chega a 70% o índice de mortalidade pelo vírus ebola em
Serra Leoa, na África Ocidental e cerca de 783 pessoas já foram contaminadas e
a situação escapa ao controle das organizações de saúde e pouco pode ser feito.
Missionários, voluntários e a própria população procuram se virar como podem.
Fato é que devido ao risco de ampliação dos casos, regiões inteiras são
isoladas, o que causa outros problemas como questões de higiene, má
alimentação, e agrava ainda mais a situação.
Em entrevista ao jornal O Dia, o médico brasileiro, da organização não
governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF), dr. Paulo Reis, relatou
emocionado a sensação quando se consegue salvar vidas.“Quando o paciente sai do
isolamento e recebe alta, tem festa, fazemos questão de apertar a mão até para
que as outras pessoas veja que ele está bem. É muito difícil descrever
sentimentos, mas é uma emoção muito forte, colocar isso em palavras já não
consigo”, disse.
Missionários correm riscos e tendem a
abandonar a missão
A afirmação é do salesiano, padre Ubaldino Andrade, natural de Caracas,
Capital Federal da República Bolivariana de Venezuela, que atua como
missionário em Serra Leoa.
Em mensagem a Agencia de Notícias Salesiana, o padre Uba, como é
conhecido, disse que a situação é tão alarmante que religiosos e religiosas se
vem obrigados a abandonar o país ou ir para realidades onde se corre menos
risco de morte. “Algumas congregações estão deixando o país e outras se
retiraram das regiões mais infectadas”, relatou.
Para o missionário, embora vivam em meio a uma situação grave e
perigosa, eles passam por momentos de experiências profundas de Deus. “Quando
acolhemos um grupo de crianças de rua com quem vivemos e trabalhamos em nossa
casa, a casa se encheu de alegria e de vida ...”.
Segundo Andrade, continuamente médico e enfermeiros vem a óbito. “Entre
as enfermeiras que morreram, algumas não chegaram a terminar os estudos:
morreram lutando contra uma doença totalmente desconhecida para elas”, afirma.
Presença da Vida Religiosa Consagrada no
Continente Africano
De acordo com o Anuário Estatístico da Igreja Católica, edição 2013, o
continente africano tem 193.667.400 fiéis católicos. A Vida Religiosa
Consagrada marca presença missionária com 80.926 consagrados entre padres,
Irmãos e Irmãs. Destes, 2019 missionários e missionárias estão espalhados nos
países atingidos pelo ebola. Gana tem 269 padres, 226 Irmãos, e 1061 Irmãs.
Serra Leoa contempla 75 padres, 52 Irmãos e 83 Irmãs. A Libéria conta com a presença de 22 padres,
15 Irmãos e 66 Irmãs. Na Guiné, 22 padres, 25 Irmãos e 103 Irmãs.
No mês de agosto três missionários foram mortos vítimas da doença.
Porém, de acordo com informações da brasileira, Missionária da Consolata, residente em Serra Leoa, a
Irmã Carmem Moser, outros missionários já
morreram vítimas do ebola.
Trata-se de um grande desafio que os missionários têm enfrentado ao se
disporem sair em missão, pois é alto o índice de se contrair a doença, como
demonstra os números apurados na estatística, sendo verdadeiros heróis e
mártires da nossa atualidade, que não medem esforços quer seja para a
evangelização ou no caso dos médicos sem fronteiras que da mesma forma exercem
a medicina salvando vidas, sendo da mesma forma a sua profissão equiparada a um
sacerdócio que vai de encontro com o próximo mais necessitado com o intuito de
salvar vidas.
O vírus ebola realmente é um dos piores desafios que o missionário
depara em sua missão dependendo do lugar onde é realizada a missão, no entanto,
precisamos de um investimento urgente na saúde pública, a fim de que a
população seja respeitada em sua dignidade, primando o direito a vida, e
consequentemente os missionários possam desenvolver seu trabalho de
evangelização com a mesma segurança e dignidade, não podendo ser interrompido
um trabalho por questões de saúde e vigilância sanitária, ou mesmo ter a sua
vida ceifada por falta de ingerência do poder público.
Há uma preocupação da Igreja muito grande e este respeito, pois na Guiné
Bissau, os bispos das dioceses de Bissau e Bafatá, Dom José Câmnate na Bissign
e Dom Pedro Carlos Zilli, escreveram uma carta congratulando-se com os esforços
do Governo, organismos internacionais e comunidades religiosas na prevenção
contra a epidemia do vírus Ébola no país. Vejam trechos deste documento: “Com
satisfação, temos notado o grande esforço da população guineense e de nossas
comunidades paroquiais em colaborar na campanha de sensibilização, na limpeza
dos lugares públicos, na organização e saneamento dos bairros e povoados, etc.
Manifestando preocupação pela real ameaça do vírus, exortamos todas as nossas
comunidades a procurarem sempre mais informações sobre a evolução da situação e
que continuem a por em prática todas as medidas necessárias para a prevenção do
vírus: que se siga colocando baldes com água e lixívia nas entradas das igrejas
e locais de encontros para que todos possam lavar as mãos; que se evite
encontros de férias; que se receba a comunhão nas mãos; que não se dê o abraço da
paz durante a celebração da Santa Missa”. A carta informa que através da
Caritas Guiné-Bissau, da Comissão Justiça e Paz e da Rádio Sol Mansi, será
elaborado um programa de formação que permita às comunidades participarem
ativamente na campanha de sensibilização e prevenção do Ébola e de outras
epidemias. “Que todas as paróquias e missões estejam abertas às orientações a
serem lançadas”, pedem os bispos. “Como
cristãos, fundados na Fé, continuemos a pedir ao Senhor que afaste esta doença
dos nossos países e nos ajude a encontrar formas concretas de solidariedade com
as populações mais afetadas. Confiantes no Deus da Vida, enfrentemos este
desafio com clarividência e coragem. A todos, a nossa bênção”, conclui a carta,
publicada em 15 de setembro.
Disponível em:
<http://www.crbnacional.org.br/site/index.php/noticias/destaque/1426-ebola-missionarios-morrem-correm-risco-e-tendem-a-abandonar-a-missao>
Acesso em 19 abr. 2014.
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