São Bernardo de Claraval

on quinta-feira, 16 de outubro de 2014



São Bernardo de Claraval

Mario Luiz Santos Botelho Andrade
1º Ano de Teologia

Bernardo de Claraval, O.Cist, foi um abade francês e o principal responsável por reformar a Ordem de Cister, na qual entrou logo depois da morte de sua mãe. Foi o fundador da Abadia de Claraval, na Diocese de Langres. Nascimento: 1090, Fontaine-lès-Dijon, França. Falecimento: 20 de agosto de 1153, Abadia de Claraval, França.
Monge, figura típica do monaquismo medieval. Seu pensamento teológico monástico profundamente alimentado pela Escritura e dependente da literatura Patrística requer para o aprofundamento da mensagem revelada um respeito ao mistério. Assim com esse método acaba enfrentando pensamentos teológicos e a inexaurível problemática da união da alma com Deus.
A Consciência humilde e purificada, devota e submetida é o lugar onde se dá esse diálogo íntimo do homem com Deus. Tornar-se presente de Deus e esse elevar-se do homem à união com ele. Consciência que seja o espelho brilhante da luz de Deus, o eco fiel da sua voz, a testemunha verídica de sua presença: eis a consciência cristã. Uma consciência verdadeira que seja perfeita correspondência subjetiva da vontade objetiva de Deus. Surgiram algumas alegorias como que transfigurando em termos espirituais: a vida nupcial renunciada pelos religiosos tornou-se dentro da mística uma imagem simples, mas ao mesmo tempo alta, profunda e frequente que é a união íntima com Deus.
Esta boa consciência é a mais bela das mulheres, é a rainha preparada para o rei, segura e irrepreensível como a esposa forte e fiel repleta de paz. Já a má consciência é uma mulher insuportável e iníqua. Uma boa consciência é o quarto nupcial que tem por colchão a pureza, por travesseiro a tranquilidade e por cobertor a segurança.
A consciência reta é como uma menina imatura, mas amada e à espera de chegar aos céus. O quanto é necessário que ela seja limpa e fiel a Deus possuindo a verdade completa. Não poderia ter intimidade com Deus sendo defeituosa e impura. Alguns monges de Chartres apresentaram a questão: “porque quando se julga fazer o mal, ainda que agindo bem, se diz que a nossa ação é má, da mesma forma se terá que dizer que uma ação é boa quando for feita em boa fé, ainda que em si mesma fosse má. São Bernardo respondeu: “Não é bem assim, a boa-fé não é suficiente, pois é preciso a verdade. Como poderia passar por verdadeira, aos olhos do Deus da verdade a consciência falsa, ainda que em boa fé? Também é pecado o mal em boa fé.”
Controvérsia entre Bernardo e Abelardo, sendo o primeiro a testemunha mais antiga do termo consciência, mostrando a sua função ética. O problema que ocorreu entre os dois foi sobre o tema da consciência errônea. Bernardo era um monge cisterciense, considerado uma figura de destaque no monaquismo medieval. Seu pensamento tem a vertente monástica, cujas características são possíveis observar em estudos mais recentes. Imbuído de simplicidade e humildade, lê a Sagrada Escritura, da qual se alimenta diariamente. É com essa bagagem que ele enfrenta muitas questões teológicas, sendo a consciência uma delas. O lugar íntimo de encontro entre Deus e o homem é a consciência, diz ele, lugar esse em que acontece um diálogo entre a criatura e o Criador. O tema da consciência para Bernardo é um dos seus preferidos, definindo-a mais uma vez como “a mais bela das mulheres, a rainha preparada para receber o rei; é segura e irrepreensível como a esposa forte e fiel [...]. Entende-se, portanto, nos escritos de São Bernardo, que a consciência deve ser reta, limpa e fiel a Deus, ou melhor, dizendo, ser verdadeira. Não poderia acontecer, porém, que a consciência, sem ter culpa, se enganasse? São Bernardo dirá que não basta ter fé, diante dos atos é necessária à verdade. Não há como passar por verdade aos olhos de Deus que é Verdade, uma consciência falsa, mesmo que tenha fé. Como exemplo, mesmo que o pecado seja leve, existiu o mal. [...] Toda a tradição monástica, como esta concepção mista da consciência, estava ali para sugerir esta resposta, para nós não mais inteligível; se for viciada por algum mal, quer o saiba quer não, a consciência já não pode ser a mediadora da união mista com Deus [...]. Para Abelardo, o que se pratica por ignorância não é pecado, pois para que algo seja considerado pecado é necessária à presença da consciência e ter a intenção de pecar. Dessa forma, não se pode condenar os que crucificaram Jesus, nem aqueles que apedrejaram Estevão. Foram essas questões que iniciaram o embate entre São Bernardo e Abelardo. Depois de um século, Santo Tomás vem dar razão a Abelardo, porém com as devidas distinções entre boa fé e fé mais ou menos culpável, pois com o passar do tempo esse pensamento monástico sobre a consciência foi se perdendo e isso não foi tão bom. Essa discussão entre S. Bernardo e Abelardo está entre os fatos mais marcantes dessa passagem da consciência para outra mais elaborada e específica e é esta específica que é encontrada na escolástica, principalmente nas elaborações na teologia pós-tridentina. Segundo PRIVITERA, [...] nela, a consciência “torna-se simples órgão de ressonância de uma lei moral concebida mais como um dado do que tarefa”, órgão chamado a exercer a função de juiz na controvérsia entre liberdade e lei; a pronunciar se, sobre o fato se uma ação recaía ou não sobre a lei moral.

Fonte Bibliográfica:
PRIVITERA, Salvatore. IN: Dicionário de Teologia Moral. São Paulo: Paulus, 1997, p. 144. Ibiden. p.144.

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