São
Bernardo de Claraval
Mario
Luiz Santos Botelho Andrade
1º
Ano de Teologia
Bernardo de Claraval,
O.Cist, foi um abade francês e o principal responsável por reformar a Ordem de
Cister, na qual entrou logo depois da morte de sua mãe. Foi o fundador da
Abadia de Claraval, na Diocese de Langres. Nascimento: 1090,
Fontaine-lès-Dijon, França. Falecimento: 20 de agosto de
1153, Abadia de Claraval, França.
Monge, figura típica do monaquismo
medieval. Seu pensamento teológico monástico profundamente alimentado pela
Escritura e dependente da literatura Patrística requer para o aprofundamento da
mensagem revelada um respeito ao mistério. Assim com esse método acaba
enfrentando pensamentos teológicos e a inexaurível problemática da união da
alma com Deus.
A Consciência humilde e
purificada, devota e submetida é o lugar onde se dá esse diálogo íntimo do
homem com Deus. Tornar-se presente de Deus e esse elevar-se do homem à união
com ele. Consciência que seja o espelho brilhante da luz de Deus, o eco fiel da
sua voz, a testemunha verídica de sua presença: eis a consciência cristã. Uma consciência
verdadeira que seja perfeita correspondência subjetiva da vontade objetiva de
Deus. Surgiram algumas alegorias como que transfigurando em termos espirituais:
a vida nupcial renunciada pelos religiosos tornou-se dentro da mística uma
imagem simples, mas ao mesmo tempo alta, profunda e frequente que é a união íntima
com Deus.
Esta boa consciência é a mais bela das mulheres, é a rainha preparada
para o rei, segura e irrepreensível como a esposa forte e fiel repleta de paz.
Já a má consciência é uma mulher
insuportável e iníqua. Uma boa consciência é o quarto nupcial que tem por
colchão a pureza, por travesseiro a tranquilidade e por cobertor a segurança.
A consciência reta é como
uma menina imatura, mas amada e à espera de chegar aos céus. O quanto é necessário
que ela seja limpa e fiel a Deus possuindo a verdade completa. Não poderia ter
intimidade com Deus sendo defeituosa e impura. Alguns monges de Chartres
apresentaram a questão: “porque quando se julga fazer o mal, ainda que agindo
bem, se diz que a nossa ação é má, da mesma forma se terá que dizer que uma
ação é boa quando for feita em boa fé, ainda que em si mesma fosse má. São
Bernardo respondeu: “Não é bem assim, a boa-fé não é suficiente, pois é preciso
a verdade. Como poderia passar por verdadeira, aos olhos do Deus da verdade a consciência
falsa, ainda que em boa fé? Também é pecado o mal em boa fé.”
Controvérsia entre Bernardo e Abelardo, sendo o primeiro a
testemunha mais antiga do termo consciência, mostrando a sua função ética. O
problema que ocorreu entre os dois foi sobre o tema da consciência errônea. Bernardo era um monge cisterciense,
considerado uma figura de destaque no monaquismo medieval. Seu pensamento tem a
vertente monástica, cujas características são possíveis observar em estudos
mais recentes. Imbuído de simplicidade e humildade, lê a Sagrada Escritura, da
qual se alimenta diariamente. É com essa bagagem que ele enfrenta muitas
questões teológicas, sendo a consciência uma delas. O lugar íntimo de encontro
entre Deus e o homem é a consciência, diz ele, lugar esse em que acontece um
diálogo entre a criatura e o Criador. O tema da consciência para Bernardo é um
dos seus preferidos, definindo-a mais uma vez como “a mais bela das mulheres, a
rainha preparada para receber o rei; é segura e irrepreensível como a esposa forte
e fiel [...]. Entende-se, portanto, nos escritos de São Bernardo, que a
consciência deve ser reta, limpa e fiel a Deus, ou melhor, dizendo, ser
verdadeira. Não poderia acontecer, porém, que a consciência, sem ter culpa, se
enganasse? São Bernardo dirá que não basta ter fé, diante dos atos é necessária
à verdade. Não há como passar por verdade aos olhos de Deus que é Verdade, uma
consciência falsa, mesmo que tenha fé. Como exemplo, mesmo que o pecado seja
leve, existiu o mal. [...] Toda a tradição monástica, como esta concepção mista
da consciência, estava ali para sugerir esta resposta, para nós não mais
inteligível; se for viciada por algum mal, quer o saiba quer não, a consciência
já não pode ser a mediadora da união mista com Deus [...]. Para Abelardo, o que
se pratica por ignorância não é pecado, pois para que algo seja considerado
pecado é necessária à presença da consciência e ter a intenção de pecar. Dessa
forma, não se pode condenar os que crucificaram Jesus, nem aqueles que
apedrejaram Estevão. Foram essas questões que iniciaram o embate entre São
Bernardo e Abelardo. Depois de um século, Santo Tomás vem dar razão a Abelardo,
porém com as devidas distinções entre boa fé e fé mais ou menos culpável, pois
com o passar do tempo esse pensamento monástico sobre a consciência foi se
perdendo e isso não foi tão bom. Essa discussão entre S. Bernardo e Abelardo
está entre os fatos mais marcantes dessa passagem da consciência para outra
mais elaborada e específica e é esta específica que é encontrada na escolástica,
principalmente nas elaborações na teologia pós-tridentina. Segundo PRIVITERA,
[...] nela, a consciência “torna-se simples órgão de ressonância de uma lei
moral concebida mais como um dado do que tarefa”, órgão chamado a exercer a
função de juiz na controvérsia entre liberdade e lei; a pronunciar se, sobre o
fato se uma ação recaía ou não sobre a lei moral.
Fonte Bibliográfica:
PRIVITERA, Salvatore. IN:
Dicionário de Teologia Moral. São Paulo: Paulus, 1997, p. 144. Ibiden. p.144.
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