Teologia Moral Fundamental - Veritatis Splendor

on sábado, 30 de junho de 2012

SEMINÁRIO DE TEOLOGIA DIVINO MESTRE
Teologia Moral    
Aluno: Rogério de Azevedo Silva
Série: 1° Ano de Teologia
Professor: Pe. Luiz Fernando de Lima
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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ENCÍCLICA

A carta Encíclica “Veritatis Splendor”, escrita pelo sumo Pontífice, o Papa João Paulo II, é o documento de número dez publicado em seu pontificado no dia seis de agosto do ano da graça do Senhor de um mil novecentos e noventa e três, na festa da Transfiguração do Senhor, após um trabalho árduo de seis anos da sua elaboração até a sua publicação.
O documento tem por objetivo primordial oferecer as bases imprescindíveis para um ensinamento correto acerca da moral da Igreja Católica, mostrando os pontos fundamentais e doutrinários, uma vez que tais fundamentos corriam riscos de serem deteriorados ou até mesmo negados, por teorias éticas contemporâneas, algumas delas com tendências subjetivistas, ameaçando, assim, a compreensão da moral Católica.
Situando-se no contexto de crise de certa difusão no campo psicológico, cultural, social, religioso, é que surgem algumas objeções aos ensinamentos tradicionais da Moral Católica, nascendo diversas correntes éticas, baseadas em concepções antropológicas que norteavam seus princípios éticos e morais de modo subjetivista.
Enfim, a Encíclica assinala alguns princípios fundamentais que precisam ser retomados e que foram apresentados por diversos estudiosos no campo ético e moral que se opunham ao ensinamento fiel da Igreja. Desse modo, tal documento permite-nos mergulhar no ensinamento oficial da Igreja, assentado sob a Sagrada Escritura e a Tradição Apostólica. 

BIOGRAFIA DO AUTOR

Karol Wojtyla, nasceu em Wadowice, uma pequena cidade, aos 18 de maio de 1920.  Desde 1942, quando sentiu uma vocação para o sacerdócio, começou seus estudos no seminário clandestino de Cracóvia. Ordenou-se presbítero da Igreja no dia 01 novembro de 1946. Naquela época, durante as férias, ele exerceu o seu ministério pastoral entre os imigrantes poloneses. Em 1948 voltou à Polônia e foi vigário de diversas paróquias de Cracóvia e capelão dos universitários até 1951. Em 04 julho de 1958, pelo Papa Pio XII, foi nomeado Bispo titular de Olmi e Auxiliar de Cracóvia. Ele foi ordenado bispo em 28 de setembro de 1958. Em 13 de janeiro de 1964, foi nomeado Arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que fez dele um cardeal em 26 junho 1967. Além de participar do Concílio Vaticano II (1962-1965), com uma contribuição significativa para a elaboração dos vários documentos, tomou parte nas assembleias do Sínodo dos Bispos antes de seu pontificado.
Logo após a morte do venerável Papa João Paulo I, os cardeais reunidos em conclave elegeram-no Papa em 16 de outubro de 1978, tomando o nome de João Paulo II, iniciando o seu ministério como sucessor do Apóstolo Pedro. Seu pontificado, um dos mais longos da história da Igreja, durou quase 27 anos, exercendo o ministério Petrino com incansável espírito missionário. O sumo Pontífice Papa João Paulo II, morreu em 2 de Abril de 2005 na cidade de Roma.

RESUMO DA ENCÍCLICA: O ESPLENDOR DA VERDADE

O primeiro capítulo da Encíclica tem por finalidade apontar Jesus Cristo como uma resposta para a questão moral, uma vez que Ele é a “imagem do Deus invisível” (Cl 1, 15). Partindo dessa premissa de que à luz da Revelação, ou seja, da Encarnação do Verbo aquilo que era incompreensível torna-se compreensível, pode-se dizer que a verdade sobre o homem se esclarece, de modo que ele pelo seu juízo não pode construir uma moral segundo o seu arbítrio, mas segundo a Revelação. Na pergunta que o jovem faz no evangelho e que o Santo Padre retoma neste documento “Mestre que devo fazer de bom para entrar na vida eterna? Jesus responde: Cumpre os mandamentos.” (Mt 19, 16), percebe-se que a liberdade integral do homem está no fato de que a verdadeira realização da lei moral se encontra em Deus. Para que o homem possa chegar a sua autorrealização faz-se necessário vivenciar os mandamentos, não como norma, mas como uma placa que aponta para o destino de chegada, a verdade.
No capítulo segundo, o Santo Padre chama a atenção para algumas tendências atuais no campo da teologia moral, que trazem consequências dramáticas para a sociedade. Não se pode esquecer que a reflexão moral sempre é realizada à luz do Cristo e não na negação do transcendente como algumas teorias éticas, chegando a negar, por exemplo, a doutrina tradicional sobre a lei natural, a universalidade e a validade dos preceitos, deixando de lado os ensinamentos morais da Igreja. O que é necessário resgatar é que o homem permanece em si mesmo um grande mistério, um enigma que não é possível ser decifrado, com isso, compreende-se que ele não é livre verdadeiramente a tal ponto que tenha uma consciência clara e possa viver de modo arbitrário, desvinculado dos mandamentos. O homem necessita ser guiado segundo a Verdade para que possa encontrar o sentido último de sua vida humana, por isso o Sumo Pontífice João Paulo II, por meio do documento oferece uma doutrina clara, às questões que visem esclarecer os pontos atinentes da situação moral da contemporaneidade que passa por uma crise.
Por fim, o terceiro capítulo, destaca-se pela aplicabilidade do bem moral na Igreja e no mundo, que de modo todo peculiar a partir do mistério de Jesus crucificado, o homem pode encontrar o sentido pleno de sua liberdade, pois na cruz é que Jesus vive de modo autêntico e livre. O cristão encontra no martírio a total liberdade, pois rejeita e abstém de tudo aquilo que é exterior para abraçar de modo total e pleno a cruz. Foi em grande número de homens e mulheres que preferiram toda perseguição, morte, violência, do que dar um testemunho contra essa verdade moral. Por isso, a Igreja defende de modo irrevogável essa verdade, para que o homem possa chegar até ela. Portanto, à luz da Revelação que os pastores que são arautos do evangelho devem conduzir os novos discípulos, para que os valores fundamentais relacionados com a dignidade da pessoa e com a verdade dos atos, não sejam postos de lado, por nenhuma ditadura do relativismo, nem por teólogos, mas que a autoridade derive sempre do Espírito Santo e na comunhão cum Petro et sub Petro.

APRECIAÇÃO CRÍTICA

Nos tempos hodiernos em que vivemos, encontramo-nos, em uma sociedade que ignora o sentido último de uma verdade que seja clara e objetiva a todos. Percebe-se que há um subjetivismo muito grande com relação à verdade, pois cada ser humano estabelece o seu conceito de verdade de modo arbitrário, fazendo, com isso, que a verdade perca o seu sentido de ser única e objetiva.
            O homem é chamado à obediência da verdade, claro que tal cumprimento nem sempre é realizável, pois o homem continuamente é tentado a desviar-se do sentido último de sua vida, trocando a verdade pela mentira. Assim, na sociedade atual, percebe-se o quanto o homem tem se desviado da verdade, abandonando-se no subjetivismo e no relativismo, porquanto vive a procura de sua liberdade que acaba por ser ilusória.
            O apelo da Encíclica que não é de uma leitura fácil, mas bastante desafiadora nos três capítulos que são apresentados, embora o segundo capítulo seja mais denso, quer levar o homem a encontrar-se com essa verdade, num tempo em que cada vez mais a busca pela autonomia diante das escolhas da vida, já não seguem os preceitos morais tradicionais e da Igreja, ou até mesmo de uma lei natural, mas o que se deseja é chegar a uma libertinagem, exemplo disso, é o que se nota com relação a união de homossexuais, a descriminalização do aborto, e entre outros. 
Neste sentido o documento oferece as bases imprescindíveis para um ensinamento correto acerca da moral da Igreja Católica, mostrando os pontos fundamentais e doutrinários, uma vez que tais fundamentos correm riscos de serem deteriorados ou até mesmo negados, por teorias éticas contemporâneas, algumas delas com tendências subjetivistas, ameaçando, assim, a compreensão da moral Católica.
            Portanto, a Encíclica pretende ser uma luz a conduzir as consciências para a Verdade que é o próprio Cristo. A Igreja quando ensina questões morais não tem por intuito ferir a liberdade humana, mas apresentar às consciências verdades que não são estranhas ao coração do homem, por que são sempre realizadas a partir da Revelação.  

FRASES E COMENTÁRIOS

1-“Assim o mandamento ‘não matarás’ torna-se o apelo a um amor solícito que tutela e promove a vida do próximo”.
O convite a vivência do quinto mandamento, não pode apenas o limite, mas pretende de alguma forma ser um apelo e um convite a lutar pela vida com todas as exigências.
2- “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me”.
Percebe-se que a proposta de Jesus é sempre um convite ao exercício da liberdade humana, embora a proposta inevitavelmente imponha uma condição, pois para ser discípulo de Jesus, é necessário sentir-se impelido a fazer uma opção pelo seu sentido de vida.
3- “Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado, porque possuía muitos bens”.
Para seguir a Cristo, é necessário, sobretudo, que o ser humano tenha o coração no lugar certo, ou seja, em Deus. O jovem vai embora, porque possuía muitos bens, e esses o afastavam do Bem supremo, que é Deus: “onde está o teu coração, aí está o teu coração”.
4- “Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres”
A liberdade está relacionada com a verdade. A mentira e o pecado nos escravizam, logo, para que o homem possa ser livre é preciso estar assentado sob a verdade, que é Cristo.
5- “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto dá árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás”.
A lei moral provém de Deus e nele encontra a sua fonte. Desse modo, não pertence ao homem, decidir o bem e o mal, mas somente a Deus de quem deriva toda a sabedoria. 
6- “A verdadeira autonomia moral do homem de modo algum significa a recusa, mas sim o acolhimento da lei moral, do mandamento de Deus”.
A autonomia moral do homem não significa que ele é fonte dos valores morais, mas que em Deus, ou seja, nos mandamentos ele encontra o sentido último para sua vida de forma autônoma.
7-“As circunstâncias ou as intenções nunca poderão transformar um ato intrinsecamente desonesto pelo seu objeto, num ato subjetivamente honesto ou defensível como opção”.
O fim não justifica os meios. No caso, assassinar uma vida para salvar outra, é reduzir o primeiro a situação de objeto.
8- “Aliás, uma palavra só é verdadeiramente acolhida quando se traduz em atos, quanto é posta em prática”.
A frase de Madre Teresa de Calcutá expressa o sentido desta frase: “Palavras convencem, mas testemunhos arrastam”.
9- “Não se pode negar que o homem sempre existe dentro de uma cultura particular, mas também não se pode negar que o homem não se esgota nesta mesma cultura”.
Sabe-se que todo o se humano é oriundo de uma determinada cultura e que essa deve ser respeitada, mas ele não deve restringir-se unicamente a essa cultura divinizando-a e ignorando a outras.
10- “A consciência é a única testemunha”.
Quando o ser humano é exposto diante de qualquer questão, somente a luz da sua consciência que é possível saber o que acontece na sua intimidade, pois diante dos olhos humanos, qualquer fato fica velado.

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