Antigo Testamento - Profetas

on sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SEMINÁRIO DE TEOLOGIA DIVINO MESTRE
DIOCESE DE JACAREZINHO
Aluno: Alex de Oliveira Nogueira      4° Ano de Teologia
Disciplina: Teologia Bíblica AT    Prof. Pe. Reginaldo Ghergolet
Profeta Sofonias

  

No silêncio, a oração de um novo caminho!

       No mundo cheio de vozes e sons que inundam as vidas e corações, você já parou e refletiu sobre o silêncio em sua vida? O que ele significa na caminhada de um ser humano? E na vida do cristão? O tema do silêncio toca a existência daqueles que vivem freneticamente. Muitas são as propostas de meditações e relaxamentos, fruto da importância do assunto. Neste texto, será exposto com base num contexto histórico-bíblico de fé, indicações sobre a vivência do silêncio meditativo. Será também uma oportunidade para conhecer um pouco do vasto universo bíblico a partir de um enfoque cristão.
        A voz de um homem de nome Sofonias, de descendência etíope, surge no meio do povo de Judá, por volta dos anos de 640 a.C a 623 a.C, era o início do reinado do rei Josias. O povo colocava expectativas neste reinado, uma vez que depois do rei Ezequias, o rei Manassés causou grande decadência religiosa introduzindo práticas que contradiziam a fé num só Deus. Sofonias denuncia o fato do povo se voltar aos ídolos, como Baal (Sf 1,4), culto que havia sido introduzido pelo rei Manassés e não eliminado pelo rei Amon. Neste sentido, o profeta fala ainda contra os que fazem culto astral, adorando os astros celestes (Sf 1,5a), e juram por um deus amonita chamado Melcom (Sf 1,5b), uma vez que jurar por um deus significa reconhecê-lo e venerá-lo.
        Diante dessa realidade, que afastava o povo de seu único Deus, o profeta Sofonias, aquele que vê o mundo com os olhos de Deus, anuncia: SILÊNCIO diante do Senhor Deus (Sf 1,7a). Um silêncio que pede reflexão e reorientação da vida. O apelo de Sofonias quer um povo que tome consciência, e diante do Senhor não imponha seus caprichos e vontades, mas o reverencie e escute sua voz. Todos naquele tempo escutavam vozes dos sacerdotes da idolatria, das práticas supersticiosas e mágicas, da idolatria à riqueza (Sf 1,11), da corrupção e injustiça que banhava as autoridades de Jerusalém (Sf 3,3-4), enfim, de uma realidade fixada nos caminhos idolátricos deste mundo sem espaço para o verdadeiro Deus.
        O profeta denuncia esta realidade, pois é inconformado. Ele avisa que o caminho é outro, cobra das autoridades novo posicionamento, e dá esperança ao povo humilde, caso este se converta, com as seguintes palavras: “Procurai o Senhor vós todos, os pobres da terra, que realizais a sua ordem. Procurai a justiça, procurai a pobreza: talvez sejais protegidos no dia da ira do Senhor” (Sf 2,3). A profecia de Sofonias anuncia que diante deste cenário contrário aos caminhos de Deus a sua ira será certa (Sf 1,14-15) cheia de angustia, tribulação, devastação e trevas. Ao ler tais páginas bíblicas podemos nos perguntar: onde está o Deus bondoso que conhecemos?
        Todos esses sinais (angustia, tribulação, devastação e trevas) tidos como ira de Deus, podem ser entendidos como uma possível consequência das atitudes que o próprio povo optou ao abandonar a justiça e a fé no único Deus. Se permanecerem nestas práticas injustas o resultado é predido pelo profeta. Mas a bondade de Deus se manifesta com a realidade de restauração do povo (Sf 3,9-20). Isto será possível quando se converterem (Sf 2,3), fizerem silêncio diante do Senhor, meditarem sobre suas atitudes de idolatria, e tomarem consciência dos caminhos errados que foram trilhados.
        Vendo estas páginas da caminhada do povo de Deus, imaginamos o quanto é atual pensar na importância de fazer o silêncio que gera consciência e mudança de vida. Silêncio diante do Senhor, que faz pensar o mundo com os olhos de Deus, apontar caminhos de fé e esperança. Fazer mais silêncio nas orações cotidianas, nas liturgias, na correria do dia-a-dia. Não fazê-lo por fazer, mas com a intenção de ser preenchido e fecundado por Deus. Permita que este texto seja um “Sofonias” que pede a você o silêncio na vida e no coração. Silêncio diante daquele que pode preencher sua vida com a voz da Verdade. Silêncio que aponta para os caminhos do puro amor vindo de Deus.
        Ao fixar-se no Deus da “ira” o temor invade o coração, porque se olha para os erros cometidos, mas se confiarmos em Deus e silenciarmos nossos interesses, a alegria brotará nos corações. “Rejubila, filha de Sião, solta gritos de alegria, Israel! Alegra-te e exulta de todo coração, filha de Jerusalém!” (Sf 3,14). É no silêncio, muitas vezes desprezado pelo “mundo das vozes”, que o coração se encontra com Deus e revê seus caminhos.
        Concluem-se estes parágrafos reafirmando que o silêncio é escola que nos leva ao encontro com Jesus Cristo, o grande mestre do amor. O Silêncio é encontro, escuta, vida nova, inspiração para retomar o novo caminho proposto por Deus. É “neste silêncio, insuportável ao homem “exterior”, que o Pai nos diz seu Verbo encarnado, sofredor, morto e ressuscitado, e que o Espírito filial nos faz participar na oração de Jesus” (Catecismo da Igreja Católica, 2717).

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução de Gilberto da Silva Gorgulhos (Cord). ed. revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

BÍBLIA. Português. Bíblia do Peregrino. Tradução de Ivo Storniolo e José Bortolini. São Paulo: Paulus, 2002.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 10° ed. Brasília: Edições CNBB, 2010.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 1999.

GASS, Ildo Bohn (Org.). Uma introdução à Bíblia: Reino Dividido. São Leopoldo: Centro de Estudos Bíblicos; São Paulo: Paulus, 2003. Vol. 4. 




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