on quinta-feira, 15 de março de 2012

ENTRE ESSENCIAL E SUPÉRFLUO:  A BUSCA POR UMA SUSTENTABILIDADE RESPONSÁVEL
Alex de Oliveira Nogueira*

            O leitor deste blog deve notar que o contexto atual da sociedade global passa por notáveis mudanças no meio ambiente. A maioria delas é de cunho negativo, pois atentam diretamente ao bem estar do ser humano e de toda biodiversidade existente no planeta. São frequentes as notícias de desastres naturais. A natureza passa por transformações que fissuram a regularidade que lhe era própria. Diante disso tudo, o homem, único ser racional dentro da biosfera terrestre, fica incomodado com o tétrico cenário que se desponta, mas na maioria das vezes continua vivendo da mesma forma. Apenas se incomoda, mas não muda seus hábitos! Pautado nesta realidade, este artigo tem como objetivo refletir sobre as atitudes sustentáveis que o ser humano pode realizar se pautando no essencial. 
            A sociedade de modo geral está inserida num sistema econômico, o capitalismo, que impulsiona o ser humano a consumir. “Consumindo é que nos tornamos gente, pois quem não consome fica fora dessa dinâmica envolvente”, prega o capitalismo. É a este fato que podemos lançar uma das bases para a letargia humana em mudar seus hábitos. Nas escolas, nos meios de comunicação e nas igrejas a conscientização diante do desequilíbrio ambiental é real, e o ser humano acaba incomodado com tudo isso, mas permanece vidrado em seus hábitos consumistas. Desse modo, observemos o que consiste de fato o “consumo”.
            Todo o ecossistema precisa consumir para sobreviver, desde os seres microscópicos, passando pelas maiores criaturas até chegar ao homem. Isto é uma lei natural. O problema está na maneira que se consome para sobreviver. Cada ser que habita a terra tem uma necessidade específica de consumo para que sua sobrevivência seja saudável, chamamos esta necessidade específica de “o essencial”. Quando se inicia um processo de consumo desnecessário, chamamos de “supérfluo”. Aqui está uma das chaves para a questão ambiental. O homem, um ser entre outros, com a diferença específica da racionalidade, acostumou-se, motivado pelo sistema capitalista, a viver sustentado pelo supérfluo.
            Quando a dinâmica de sobrevivência é sustentada pelo supérfluo indo além do essencial, dizemos que faltou sustentabilidade. A sustentabilidade é um conceito onde o homem dá condições para o meio ambiente continuar se sustentando, ou seja, renovando-se e possibilitando vida a todos os seres do ecossistema de maneira perene, para esta e as outras gerações.
O capitalismo e sua forma de consumo supérfluo quebra a sustentabilidade. Portanto, se o homem deseja continuar habitando a terra de maneira saudável e tranquila, deverá incluir em sua conduta diante da sociedade e de si mesmo a realidade da responsabilidade. Uma das pontes de superação ao consumo, não é esperar a mudança global do sistema, mas iniciar no agora de nossas vidas atitudes de consumo responsável, em outras palavras, de consumir o essencial, visando à sustentabilidade do ecossistema terrestre.
Saber de tudo isso e se incomodar com tal realidade, a maioria dos homens já o faz, mas mudar os hábitos responsavelmente, isso é atitude que ainda precisa crescer na vida de toda humanidade, a começar por nós. Por fim, lembremo-nos de nossos avôs e das gerações passadas, viviam com muito pouco, às vezes até privados do essencial, mas conseguiam sobreviver. Recordo aqui um fato particular. Minha avó todo sábado pela manhã ia até a feira da cidade e levava uma sacola grande e reforçada com a estampa de Nossa Senhora Aparecida, e ali trazia as verduras suculentas para a semana toda sem o uso de nenhuma sacola plástica. Hoje as grandes redes de supermercados começam adotar a dita “sacola ecológica”. Isso já não era ideia de nossas avós? Quem diria! As gerações passadas já viviam de maneira sustentável sem mesmo ter a consciência que temos hoje. São nestas iniciativas que encontramos caminhos para um futuro sustentável e responsável, onde o essencial é valorizado e o supérfluo vira supérfluo.



* Estudante do 4° Ano de Teologia do Seminário Divino Mestre – Jacarezinho (PR).

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