A bondade de Deus diante do pecador

on terça-feira, 13 de março de 2012

DEUS SE MOSTRA BONDOSO DIANTE DO PECADOR

Seminarista Edson Mariano
4º Ano de Teologia
Constantemente nas rodas de conversas ocorre que alguém diante de um determinado fato pergunte sobre a origem do mal. Geralmente isso acontece quando há uma catástrofe ecologia, por exemplo; mas também acontece de alguém vez por outra questionar o mesmo em ralação ao pecado: “como pode num mundo criado por Deus, que é sumo bem, coexistir o pecado?”. Geralmente a culpa recai sobre a desobediência de Adão e Eva e sua expulsão do paraíso (Gn 3). Na opinião de Frei Antonio Moser (1996, p. 56), a partir do relato do primeiro casal pode-se concluir que o mal existiu desde a primeira geração humana e, o pecado entrou no mundo devido a culpa daqueles que estiveram no início da espécie humana.
O Catecismo da Igreja Católica (CaIC, 311) nos lembra que “Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral. Todavia, permite-o, respeitando a liberdade da sua criatura e, misteriosamente, sabe usufruir dele o bem”. O mesmo Catecismo citando Santo Agostinho utiliza-se da seguinte argumentação: “Pois o Deus todo-poderoso…, por ser soberanamente bom nunca deixaria qualquer mal existir  nas suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do próprio mal” (CaIC, 311).  
O pecado não é algo que Deus quis para o ser humano, ele é fruto do mal uso da liberdade humana. Santo Agostinho, por exemplo, define o pecado como “afastamento de Deus e apego as criaturas” (SANTO AGOSTINHO, apud MOSER, 1996, p. 103).
Como já foi acenado anteriormente, o pecado sempre deve ser visto como algo diretamente ligado a criatura e não a Deus. Justamente por isso, quando se reconhece pecador o ser humano se sente humilhado e em muitas situações até mesmo derrotado. Diante dessa constatação só resta reconhecer como pecador e pedir perdão a Deus pela falta cometida. Ao longo da história humana as pessoas foram criando formas para pedir perdão diante de Deus e, desse modo reatar a aliança com Ele.
Desde muito tempo estabeleceram-se práticas expiatórias para purificar os pecados. A expiação pode ter duas conotações, alguém mais pessimista poderá entender tal prática como um castigo, porém para o povo de Deus a expiação tinha como finalidade reparar os pecados cometidos. Até mesmo um dia de Expiações foi criado para esse fim (Lv 23,26-32). Aqui a expiação era feita a partir de sacrifícios de animais ao Senhor e também pela prática do jejum. Há também no mesmo livro do Levítico o uso do bode expiatório, o qual era enviado para o deserto para morrer juntamente com os pecados do povo.
Enfim, são práticas que o homem encontrou para se reaproximar de Deus. O bode expiatório prefigura Jesus Cristo, o qual se entregou pelos nossos pecados, afim de que todos fossemos salvos pelo seu sangue. Entretanto, mesmo tendo consciência, ou não, do sacrifício de Cristo por todos, ainda assim ele nos deixou o sacramento da Reconciliação que nos devolve a paz, já não é preciso fazer mais as expiações com animais como no Antigo Testamento (cf. Gl 1,4). Graças a esse gesto generoso de Cristo é possível que por meio do sacramento da Reconciliação ocorra “o encontro purificador entre o Deus de misericórdia e o pecador arrependido, de modo que este sente de novo a alegria  de viver e vê seu abatimento transformado em ânimo e coragem” (LEERS, 2008, p. 120).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução: Gilberto da Silva Gorgulhos (Cord.). 3.imp. rev. São Paulo: Paulus, 2004.


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Loyola, Canção Nova, 2000.


LEERS, Bernardino. O ministério da reconciliação: uma ética profissional para confessores. Petrópolis: Vozes, 2008.


MOSER, Antônio. O pecado: do descrédito ao aprofundamento. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

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